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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Amanda Gurgel e o seu Conceito Sobre a Educação no Brasil



 Na semana passada, um vídeo com uma desabafo da professora Amanda Gurgel correu a internet e chamou a atenção para a precariedade das condições gerais da educação no Brasil. O depoimento foi gravado durante audiência pública em Natal, no Rio Grande do Norte. Na gravação, Amanda ataca a atual estrutura educacional brasileira e aponta problemas que enfrenta no seu dia a dia como professora da rede pública de ensino. O vídeo já tem mais de 1 milhão de visualizações no YouTube e levou-a a dar várias entrevistas, inclusive em programas de televisão, alguns dos quais de grande audiência.

A professora potiguar, sindicalizada e militante do PSTU, expõe, em entrevista para a Rede Brasil Atual, suas preocupações sobre a falta de investimento na educação e as possíveis soluções para o problema. A seguir, os principais trechos da entrevista.

O que você achou da exposição do seu vídeo na internet e nos meios de comunicação?

O lado positivo disso (exposição) é que finalmente o debate sobre a educação ganhou a mídia em nível nacional e a gente está debatendo os problemas da educação e fazendo denúncias de como a educação funciona no Brasil inteiro.

Qual o maior problema da educação hoje?

São os baixos investimentos por parte do governo. No ano passado, por exemplo, tinha uma previsão de investimento de  5% do PIB, e na verdade foi investido apenas 3% . Desse baixo investimento é que surgem os demais problemas. Uns relacionados ao aprendizado, formação dos professores, a precária estrutura das escolas. É um ciclo, na educação não existe nenhum fator que seja isolado do outro. Todos os fatores se combinam para que as coisas funcionem de forma harmônica se um desses fatores não está funcionando bem os demais também não funcionarão, é um efeito dominó.
Qual o papel do sindicato na luta pela educação e pelos trabalhadores?

O papel do sindicato é representar mesmo os trabalhadores, muito embora nós estejamos vivendo em um cenário de crise de identidade por parte das nossas direções sindicais. A maioria ainda está atrelada aos governos e não sabem mais se são governo ou se são trabalhadores. E na dúvida acabam defendendo mais o governo, porque é onde eles conseguem mais vantagens e isso acaba sendo prejuízo para a gente. As direções são provisórias, e a qualquer momento os trabalhadores podem eleger uma direção que os represente melhor.

O que o cidadão pode fazer para melhorar a educação?

Se organizar assim como nós que estamos construindo um movimento pela internet. Nós podemos transferir esse movimento da internet para as ruas e conciliar os dois movimentos, mas nunca abandonar a forma clássica de lutar , que é ocupar as ruas para pressionar os governos e conseguir alcançar os objetivos maiores da classe trabalhadora.

Você acha que a internet pode ajudar nessa mobilização e na educação em si?

Na mobilização não tenho mais dúvida, isso está comprovado. Não só por esse caso que estamos vendo agora, mas pelo recente caso do mundo árabe, em que a internet foi fator preponderante das revoluções acontecessem. Em relação ao processo educativo eu precisaria refletir mais. A internet ainda é um espaço muito ambíguo, que pode servir tanto para o bem quanto para o mal e não sei até que ponto ela seria uma colaboradora do processo educacional de um jovem. A internet é com certeza uma ferramenta para a aprendizagem, como uma forma de estratégia pedagógica.

O que você pretende fazer daqui para a frente?

Aproveitar esse momento em que nós estamos ganhando essa visibilidade nacional por meio da mídia impressa, online e televisiva para conseguir plantar uma semente para um futuro de mobilizações constantes e de organização da nossa categoria.