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domingo, 15 de novembro de 2015

Hino da Proclamação da República


PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA


Hino da Proclamação Brasileira 
Música: Leopoldo Miguez (1850/1902)
Letra: Medeiros e Albuquerque (1867/1934)
Seja um pálio de luz desdobrado.
Sob a larga amplidão destes céus
Este canto rebel que o passado
Vem remir dos mais torpes labéus!
Seja um hino de glória que fale
De esperança, de um novo porvir!
Com visões de triunfos embale
Quem por ele lutando surgir!
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Nós nem cremos que escravos outrora
Tenha havido em tão nobre País…
Hoje o rubro lampejo da aurora
Acha irmãos, não tiranos hostis.
Somos todos iguais! Ao futuro
Saberemos, unidos, levar
Nosso augusto estandarte que, puro,
Brilha, avante, da Pátria no altar!
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Se é mister que de peitos valentes
Haja sangue em nosso pendão,
Sangue vivo do herói Tiradentes
Batizou este audaz pavilhão!
Mensageiros de paz, paz queremos,
É de amor nossa força e poder
Mas da guerra nos transes supremos
Heis de ver-nos lutar e vencer!
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Do Ipiranga é preciso que o brado
Seja um grito soberbo de fé!
O Brasil já surgiu libertado,
Sobre as púrpuras régias de pé.
Eia, pois, brasileiros avante!
Verdes louros colhamos louçãos!
Seja o nosso País triunfante,
Livre terra de livres irmãos!
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
HISTÓRIA DO HINO DA REPÚBLICA
Ernesto Sena conta que a Proclamação da República foi ressaltada “com um ato homérico e decisivo”. Que ato foi este? Menos teatral que o brado de “Independência ou Morte!” de D. Pedro I, o Marechal Deodora da Fonseca alçou a espada e ordenou às tropas formadas no Campo de Sant´Ana: “Apresentar armas. Toquem o hino!” As tropas se perfilaram e ouviram-se os acordes do Hino Nacional, tocado pelas bandas militares. Estava feita a República.
Porém esta não é uma informação históricamente correta.
O ato “homérico e decisivo” iria ocorrer, prosaicamente, muito perto da residência de Deodoro, aquele modesto sobrado que hoje ainda se vê, conservado, na atual Praça da República. Mas o Marechal estava muito enfermo e cuidou-se, mesmo que ele se deslocasse em carruagem para o local da cerimônia, hipótese que naturalmente não cabia aos brios de um velho militar. Assim foi que, não sem certa dificuldade, o Marechal montou o cavalo que lhe fora emprestado pelo alferes Barbosa Jr., o famoso baio n.º 6, que não seria mais montado até a morte do animal, em 1906.
Por outro lado, a dispnéia que atormentava o Marechal não lhe permitia usar o cinturão que sustentaria a pesada arma; daí não ter podido “cingir espada” alguma. Então, depois de transpor o portão do Ministério da Guerra, cavalgando o baio, o marechal não cingiu espada e sim acenou com o quepe, como se vê corretamente documentado no famoso quadro de Henrique Bernardelli, tão freqüentemente reproduzido nos livros escolares. Ou no monumento a Deodoro que se ergue na Praça Paris, na Glória, no Rio de Janeiro.
Sampaio Ferraz, testemunha do episódio, confirma a versão de Ernesto Sena, sem contudo dizer qual o hino foi então tocado. Certamente foi o mesmo velho e glorioso Hino Nacional do Império.
Infelizmente, no alvoroço da mudança de regime, muitos esqueceram nossas mais caras tradições. Tal como ocorrera com a Bandeira Nacional, agora também alguns pretendiam considerar o Hino Nacional como “o hino do ex-imperador”. Então, equivocadamente e durante dois meses, tomou-se por empréstimos um hino estrangeiro e a Marselhesa transformou-se em uma espécie de hino nacional provisório.
“Prefiro o velho!”
Há muito os republicanos pretendiam adotar um novo hino que substituísse o do Império. O bom senso aconselharia confiar a tarefa a um compositor profissional, a um dos poucos e competentes maestros disponíveis da Corte. Porém, seguindo um velho hábito que infelizmente pendura ainda nos nossos dias, preferiram promover, em outubro de 1898, um concurso, de resto concorridíssimo. Daí resultou ser premiado, com mil francos, uma composição com a música de um amador, o farmacêutico Ernesto Fernandes de Sousa, e versos de Medeiros e Albuquerque.

Sabe-se que, após a Proclamação da República, o Governo Provisório convidara Carlos Gomes para compor o novo hino do Brasil; e que este, por gratidão ao velho imperador, respondeu ao convite com um lacônico – “Não posso”.
A República viveu então um sério embaraço. O maestro Carlos Gomes recusara o convite e a vultosa importância de 20.000$000 (vinte contos de réis) oferecida pela encomenda. Ernesto Fernandes de Sousa, o dublê de farmacêutico e maestro amador recusara o prêmio de mil francos que lhe fora concedido. Dividiram-se as opiniões. Medeiros e Albuquerque defendia a obra de seu parceiro e queria que o hino fosse oficializado. Com isto não concordava Rodrigues Barbosa, um crítico do Jornal do Commercio, que propunha como saída salvadora um outro concurso para a escolha do novo hino. Por sua vez, o jornalista Oscar Guanabarino lutava pela permanência do antigo Hino Nacional.
Realizado o concurso, Guanabarino denunciou o seu resultado em artigo publicado em 4 de janeiro de 1890. Na verdade, o concurso fora instituído para eleger uma composição musical, pois a letra de Medeiros e Albuquerque já fora previamente escolhida pelo Ministério da Justiça. Guanabarino argumentava que, se para isto tinha havido escolha e não concurso, melhor seria que também se tivesse escolhido um músico profissional capaz de inspirar-se na poesia e produzir um hino correto. E sugeria o maestro Leopoldo Miguez, que poderia aceitar a honrosa incumbência e dela dar cabal conta.
Haviam concorrido 29 produções quando, infelizmente, não tínhamos no Brasil nem seis compositores, mesmo contando os estrangeiros naturalizados. Guanabarino acusava:
“Vimos alguns trabalhos concorrentes e a nossa impressão foi a certeza que aqueles hinos atestam a ignorância completa dos seus autores em matéria de arte musical.”
Encerrava a defesa da manutenção do Hino Nacional com este argumento:
“Apelamos para o Chefe do Governo Provisório a quem perguntamos: Marechal, nos campos do Paraguai, quando à frente das colunas inimigas a vossa espada conquistava os louros da vitória e as bandas militares tangiam o Hino Nacional, qual era a idéia, qual o nome que acudia à vossa mente no instante indescritível do entusiasmo – a Pátria ou o Imperador?”
Este apelo não cairia em terreno estéril pois coincidia com uma firme convicção do Marechal Manuel Deodoro da Fonseca. E, no dia 19 de janeiro de 1890, o Jornal do Commercio publicava esta declaração da Secretaria de Estado dos Negócios do Interior: “O hino cuja audição será feita no Teatro Lírico em nada prejudica o Hino Nacional, visto ter sido escrito expressamente para comemorar a data da Proclamação da República”.
Prevalece a Tradição
Em quase todos os países do mundo há vários hinos oficiais. A Manarquia tinha o Hino da Indepência, o Hino Nacional, o de D. Pedro II e outros. Portugal tem o Hino da Restauração, o da Carta Constitucional e o de D. Carlos I”.

Apenas quatro hinos haviam obtido classificação final. Deodoro ouviu todos, na audiência do Teatro Lírico. Gostou. Mas disse: “Ainda assim, prefiro o velho!”.
O povo também preferia.
Daí resultou que, no próprio Teatro Lírico e naquela mesma noite de 20 de janeiro 1890, foi redigido pelo Ministro do Interior, Aristides Lobo, um decreto prontamente referendado por todos os outros Ministros ali presentes. O decreto conservava e instituía como Hino Nacional a música de Francisco Manuel e adotava, como Hino da Proclamação da República, a de Leopoldo Miquez.

Este documento dizia, na íntegra, o seguinte:
DECRETO N.º 171, DE 20 DE JANEIRO DE 1890
“Conserva o Hino Nacional e adota o da Proclamação da República.”
“O Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil constituído pelo Exército e Armada, em nome da Nação, decreta:
Art. 1º – É conservada como Hino Nacional a composição musical do maestro Francisco Manuel da Silva.
Art. 2º – É adotada sob o título de Hino da Proclamação da República a composição da maestro Leopoldo Miguez, baseada na poesia do cidadão José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros Albuquerque.”
Uma letra para o hino nacional
Até então, versos diferentes tinham sido juntados à composição de Francisco Manuel, muitos deles em adaptações inadequadas, eivadas de regionalismos e que comprometiam irremediavelmente a beleza e a dignidade do hino. E, pior ainda: em cada estado da União, cantava-se o hino com letras diferentes, nem sempre ajustadas ao bom gosto ou ao ritmo da música. Somente em 1906 Coelho Neto propôs à Câmara dos Deputados que fosse dado ao Hino Nacional um só poema. Proposta que só se concretizou 16 anos depois. Assim a letra definitiva do Hino Nacional foi escrita em 1909, por Osório Duque Estrada. Porém só foi oficializada por Epitácio Pessoa em 1922, às vésperas do I.º Centenário da Independência. Por ter sido originalmente criada para execução em orquestra, a música foi adaptada para também poder ser cantada.

FUNDAMENTAL I
PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
A gente acha que coisas como democracia, república, direitos humanos, sempre existiram, né? Mas não é bem assim. Antes de ser república, o Brasil passou quase 400 anos debaixo da asa de reis e imperadores _ e olha que nem brasileiros eles eram, mas, sim, portugueses!
A república é bem novinha na nossa História: só tem 118 anos. Depois de conhecer a história da Independência do Brasil, agora é a vez da história do nascimento da República, que começa assim…
O PRIMEIRO REINADO DO BRASIL LIVRE. 
LIVRE?

Depois da Independência, em 1822, pouca coisa mudou para o Brasil: um imperador português, o d. Pedro I, continuava a nos governar. A escravidão permaneceu, assim como dívidas que não acabavam mais, porque o Brasil vendia muito pouco para fora e comprava demais. Até para ter coisas do dia-a-dia, como sabão e tecido, precisávamos mandar buscar lá fora, em outros países. E o que é pior: continuávamos dependendo da Inglaterra para tudo, porque era ela quem fabricava a maioria dos produtos que a gente consumia…
Independência? Parece que, no comecinho dessa nossa história, éramos livres só da boca para fora. Em vez de ser a galinha dos ovos de ouro de Portugal, o Brasil passou a ser a galinha dos ovos de ouro dos outros países… principalmente da Inglaterra. A galinha só mudou de dono…
MORRE D. JOÃO VI
Claro que ninguém estava feliz com essa situação, e toda a culpa acabava caindo sobre o nosso novo imperador. A coisa piorou quando morreu d. João VI, o pai de d. Pedro I.

D. Pedro se viu numa sinuca daquelas! De um lado ele tinha o Brasil para governar; de outro, deveria assumir o trono em Portugal. Parece que a ameaça de uma nova colonização estava no ar…

Para complicar, d. Pedro causou a falência do Banco do Brasil. E ficou cada vez mais do lado do “partido português”, que era quase todo formado de portugueses, e cada vez menos do lado dos liberais e nacionalistas brasileiros. Acabou cavando um verdadeiro abismo entre ele e o povo brasileiro.

Não deu outra: D. Pedro teve que dar adeus ao Brasil…
ADEUS D. PEDRO I

Quem mandou? Não teve jeito: d. Pedro teve mesmo de abdicar, pois não contava com nenhum apoio dos brasileiros. E saiu de cena (e do Brasil) em 7 de abril de 1831, nove anos depois de ter dado seu famoso berro à beira do riacho do Ipiranga.

Saiu? Mais ou menos. Deixou aqui, para governar o Brasil, seu filhinho, Pedro de Alcântara. Detalhe: o pequeno Pedro tinha só 5 aninhos. Por isso, José Bonifácio foi nomeado seu tutor (responsável pela educação e bem-estar da criança até que ela vire adulta). E assim começou o período da Regência.
Foi um período agitadíssimo, cheio de rebeliões para todos os lados.

REVOLUÇÃO QUE NÃO ACABA MAIS
O período da Regência foi como dois parênteses entre o Primeiro Reinado, de d. Pedro I, e o Segundo Reinado, de seu rebento d. Pedro II. Foi um dos períodos mais agitados da nossa história! Muitas rebeliões pipocaram nas províncias, por todo o Brasil. Elas queriam poder governar de acordo com sua vontade, e não depender da província mais poderosa, que era a do Rio de Janeiro, onde ficava nossa capital.
Algumas províncias queriam até se separar do Brasil e proclamar a República. Mas acabaram sendo reprimidas (por isso é que não existem vários “Brasis”). No Pará, estourou a Cabanada, em 1833. No Rio Grande do Sul, a Farroupilha, em 1835. Dois anos depois, em 1837, era a vez da Sabinada, na Bahia. E no ano seguinte, em 1838, veio a Balaiada, no Maranhão. Com tanta confusão, apressaram logo a maioridade (que normalmente se dá aos 18 anos) de Pedrinho…

Nove anos depois de seu pai voltar para terras portuguesas, ele assumiu o trono e tornou-se d. Pedro II, nosso segundo imperador, em junho de 1840. Mais um reinado para o Brasil. Mas, dessa vez, o imperador do Brasil era um brasileiro… de apenas 15 anos de idade!

Apesar dos credores, uma cultura iria revolucionar as coisas por aqui. Graças ao café, o Brasil começou a prosperar de verdade!
VAI UM CAFEZINHO AÍ?

UM REINADO COM CHEIRO DE CAFÉ

E então apareceu o café, para salvar a pele monetária do Brasil, que já devia o que tinha e o que não tinha! As plantações prosperaram principalmente no Vale do Paraíba, em São Paulo. Depois veio o oeste paulista, também grande produtor de café, onde existia uma terra muito fértil, a terra roxa. Aliás, essa terra não era roxa, era vermelha. (O nome veio do italiano, “rossa”, que quer dizer “vermelha”, mas a gente acabou traduzindo como “roxa”).
E pensa que mudou alguma coisa na estrutura do Brasil com o café? Que nada! Ela continuou igualzinha a de seus tempos de colônia: enormes fazendas monocultoras (que plantavam uma coisa só_ no começo era a cana-de-açúcar e depois foi o café), escravidão como força de trabalho, e os barões dominando a política e todas as decisões por aqui. Mas o mundo, ah! O mundo já não era igual ao de nossos tempos de colônia, porque pintou a revolução industrial!
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL!

PINTOU A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL!

Nessa época, aconteceu uma revolução muito importante, e que foi decisiva para todo o mundo, o Brasil inclusive. Foi uma revolução sem paus, nem pedras, nem gritos. Foi uma revolução tecnológica. Surgia a fábrica, e a produção em massa dos produtos. Surgia o trem a vapor. O navio a vapor. O telégrafo. O mundo estava a um milhão por hora! E quem liderava essa mudança toda era nossa velha conhecida, a Inglaterra.
Agora os ingleses faziam questão de acabar com as velhas formas de governo e de mão-de-obra dos outros países, principalmente com a escravidão. Não é que a Inglaterra fosse assim tão boazinha: é que escravo não compra, e ela estava produzindo muito com suas recém-criadas fábricas. Mais do que ela podia consumir. Então, era preciso acabar já com essa história de escravidão.
Por isso, criaram as leis para inglês ver…
LEIS PARA INGLÊS VER.

Lógico que não demorou muito para a Inglaterra começar a fazer uma pressão daquelas, com a intenção de acabar logo com a escravidão. O Brasil sabia que teria de aceitar as condições inglesas. Afinal, devia muito, mas muito dinheiro mesmo, à Inglaterra! Mas nosso país segurou as pontas até o limite: afinal, toda sua economia estava baseada no trabalho escravo!

Eram mais de 300 anos de escravidão, e não dava para acabar com ela de uma hora para outra. Então o Brasil se viu diante de um grande problema: por um lado, tinha de abolir a escravidão, mas não tinha quem trabalhasse nas lavouras de café, que eram sua principal riqueza. Por outro, não podia enfurecer a Inglaterra. Além de dever muito dinheiro, o Brasil ainda dependia dos produtos ingleses de uso diário, de sapato a sabão.

Por isso, foram criadas várias leis que proibiam aos pouquinhos, muito de leve, a escravidão, só para enganar a Inglaterra…

Um exemplo disso foi uma lei de 1831, o ano em que d. Pedro I voltou para Portugal. Nessa lei, o Brasil diz que acaba com o tráfico negreiro (a “importação” de negros da África para trabalharem no Brasil como escravos).
Que nada! O tráfico só acabou mesmo em 1852! A lei foi só “para inglês ver”, literalmente.
A expressão deu tão certo que até hoje é usada quando alguém quer dizer uma coisa que parece ser verdade… mas não é. Só que a Inglaterra mais tarde acabou percebendo tudo _ e dá para imaginar que não ficou nada contente por ter sido feita de boba. E então, ela começou a colocar as garras de fora…
A INGLATERRA PÕE AS GARRAS DE FORA

E que garras! A Inglaterra era, de longe, a maior e mais importante potência da época, o século 19. Começava na Europa inteira a revolução do trabalho assalariado, ou seja, os trabalhadores agora eram totalmente livres e recebiam um salário pelo seu trabalho. Tudo isso por conta da Revolução Industrial.

A Inglaterra passou a exigir a abolição da escravidão, e estava falando seriíssimo! O todo-poderoso Gladstone, primeiro-ministro inglês, ameaçou o Brasil a ponta de espada com uma guerra. Era o décimo ano do reinado de d. Pedro II, o ano de 1850. Rapidinho o governo tratou de criar a lei Eusébio de Queirós, proibindo (dessa vez pra valer!) o tráfico negreiro, naquele ano mesmo. Afinal, nosso imperador não estava nem um pouco a fim de guerra, muito menos contra um monstro como a Inglaterra!
E AGORA, CAFÉ?
Quem ia trabalhar nas lavouras? O problema da mão-de-obra começou a preocupar bastante os grandes fazendeiros de café, principalmente os do oeste paulista, pois os do Vale do Paraíba já estavam em decadência. Todo mundo já sabia que o fim da escravidão era questão de poucos anos. Foi então que surgiu a brilhante idéia de trazer imigrantes, para trabalhar nas lavouras de café.
Os imigrantes vinham “fugidos” da Europa, que se agitava com muitas revoluções. A partir de 1871, isto é, 21 anos após a lei Eusébio de Queirós, eles vieram para o Brasil como uma enxurrada.
Vieram principalmente da Itália, atrás do sonho de uma vida melhor na América. Eram quase 100 mil imigrantes por ano! Pelo menos por enquanto, parecia que o problema da mão-de-obra estava resolvido para os fazendeiros de café, que puderam respirar aliviados…
Mas o império estava começando a se desfazer…
O IMPÉRIO SE DESFAZ.

A economia brasileira, finalmente, começou a crescer: como o dinheiro usado para financiar o tráfico ficou, digamos, “livre”, começaram os primeiros investimentos nas cidades. Foi mudança atrás de mudança.

Surgiram estradas de ferro, telégrafos, indústrias… Uma figura muito importante nesse processo foi o Barão de Mauá, que investiu bastante em novas tecnologias. Só que, para haver indústria e modernização, primeiro a escravidão tinha de acabar. E de uma vez por todas!
Mas nossa monarquia era como um banquinho de três pés: um pé era o Exército, outro era a Igreja e o mais importante era o da escravidão. Por isso, não ia ceder assim tão fácil à abolição.
Dá para entender, então, por que a monarquia começou a balançar (e muito!) quando a escravidão começou a entrar em decadência. Essa foi a causa principal do fim do império e da Proclamação da República. Mas existiram outras… Aposto que você não consegue adivinhar quais foram!
Tudo começou com o movimento republicano…
MOVIMENTO REPUBLICANO…

As cidades começaram a se modernizar e a se posicionar contra a escravidão, associada à monarquia. E as cidades queriam distância da monarquia! Por isso, começaram a batalhar pela República, junto com os fazendeiros de café do oeste paulista, que queriam o fim da escravidão porque já usavam a mão-de-obra imigrante.
Estamos no ano de 1870, e d. Pedro II já era um senhor de 45 anos. Surgiu no Rio de Janeiro o primeiro partido republicano, e não demorou muito para os clubes republicanos aparecerem por todo o Brasil, e com eles os jornais republicanos!

É que ser republicano era um jeito de pensar, naquela época. Era ser contra a monarquia, era querer acompanhar as mudanças do mundo, modernizar o Brasil, incentivar a indústria e o trabalho assalariado _ ih, tanta coisa!
Por outro lado, é certo que os republicanos só concordavam neste ponto: que queriam a República. As discussões começavam a esquentar quando eles resolviam decidir de que jeito iam proclamar a República.
Uns queriam a participação do povo _ os “revolucionários”. Outros queriam que a proclamação acontecesse sem maiores traumas, numa boa _ os “evolucionistas”. Mas como os dois queriam a república, acabaram tendo de se unir e agüentar uns aos outros… pelo menos até a proclamação.
E então, caíram a farda e a batina!
CAEM A FARDA E A BATINA

A BATINA CAI!

As coisas, definitivamente, não iam nada bem para quem era ligado à monarquia e à escravidão, os chamados “conservadores”. A Igreja e o Exército, os outros dois “pés” da monarquia, também estavam bambos… A Igreja porque queria liberdade. Ela vivia subordinada ao imperador, segundo uma tradição muito antiga, de Portugal, conhecida como padroado.
A tradição dizia que era o imperador quem escolhia os padres para os cargos importantes da Igreja (bispo, arcebispo…). Mesmo as ordens do papa aos padres só podiam ser cumpridas se o imperador aprovasse.
Pois não é que em 1872 o papa lançou um decreto proibindo que os padres participassem de uma sociedade secreta chamada maçonaria, muito importante na época? Os bispos de Olinda e de Belém decidiram obedecer ao papa. Mas o imperador não gostou dessa “desobediência” e mandou prender os bispos.
Ih! Foi como mexer em um vespeiro: a Igreja se sentiu ofendida, mesmo depois que d. Pedro II soltou os bispos, três anos depois, em 1875. Pior para d. Pedro, porque a Igreja abandonou o imperador e se aliou aos republicanos. Quem mandou prender bispo?
E A FARDA TAMBÉM!

O Exército também não morria de amores pelo reinado. Ele sempre esteve em uma posição inferior à dos policiais civis. Só que, depois da Guerra do Paraguai, que durou de 1865 a 1870 (acabou, portanto, dois anos antes da prisão dos bispos), o Exército passou a exigir mais respeito e a reconhecer sua importância.

Afinal, quem tinha dado o sangue na guerra _ literalmente? E ficou mais corajoso para criticar o Império, que o tratava tão mal.
Para ter uma idéia, os militares eram proibidos até de discutir seus assuntos nos jornais! Então, o Exército se uniu e passou a se organizar politicamente. Nem precisa dizer que os militares eram contra a monarquia e a favor… da República! Não é de admirar que tenha vindo deles mesmos o golpe da proclamação…
E o começo de tudo foi o fim definitivo da escravidão!
FINALMENTE: É O FIM DA ESCRAVIDÃO! 

No dia 13 de maio de 1888, sem suportar mais tanta pressão, o Brasil declara o fim da escravidão. Quem assina a lei Áurea é a princesa Isabel, já que d. Pedro II está fora do Brasil. Agora o fim do Império está muito, muito próximo. A escravidão, que sustentava o reinado, ia acabar sendo a principal responsável pelo seu fim! A partir de então, ela virou assunto para os livros de história.

Ah, mas a monarquia ainda tentou reagir! Quer saber como?
A MONARQUIA COM O RABO ENTRE AS PERNAS
Um ano depois, no dia 11 de junho de 1889, a monarquia acaba reagindo e faz uma última tentativa de salvar sua pele, com o visconde (um título de nobreza muito importante) de Ouro Preto. Ele propõe reformas, que são medidas para melhorar a situação do país. Só que as reformas que o tal visconde propôs eram muito parecidas com as propostas dos republicanos.

E isso ficava bem estranho para alguém que era contra a República, mas a favor da monarquia, não é? Tão estranho que o presidente do Conselho (um grupo de pessoas que ajudava o imperador a tomar suas decisões), Pedro Luís Soares de Souza, exclamou para o visconde:
_ Mas é a República!
A MONARQUIA COM O RABO ENTRE AS PERNAS

Um ano depois, no dia 11 de junho de 1889, a monarquia acaba reagindo e faz uma última tentativa de salvar sua pele, com o visconde (um título de nobreza muito importante) de Ouro Preto. Ele propõe reformas, que são medidas para melhorar a situação do país. Só que as reformas que o tal visconde propôs eram muito parecidas com as propostas dos republicanos.

E isso ficava bem estranho para alguém que era contra a República, mas a favor da monarquia, não é? Tão estranho que o presidente do Conselho (um grupo de pessoas que ajudava o imperador a tomar suas decisões), Pedro Luís Soares de Souza, exclamou para o visconde:
_ Mas é a República!!
O visconde de Ouro Preto nem se abalou e respondeu na lata que era justamente o contrário: aquele era o único jeito de tentar salvar a monarquia _ dando aos insatisfeitos (que no caso eram os republicanos) o que eles queriam. Só que naquele estilo “para inglês ver”, claro…
Só que a Câmara, outro grupo que ajudava o imperador a fazer as leis e devia aprovar as reformas, não gostou desse papo do visconde. É que a Câmara achava que essa história de fazer reforma da monarquia com cara de república não caía nada bem… Resultado: a Câmara não aceitou as reformas.
Que remédio? D. Pedro II mandou aquela Câmara embora e chamou mais gente para formar outra. Essa outra Câmara iria se reunir no dia 20 de novembro de 1889.
Só que não deu tempo, porque antes disso veio o golpe do dia 15 de novembro!
O GOLPE DO DIA 15 DE NOVEMBRO!

Os militares e o marechal Deodoro da Fonseca foram mais rápidos que a Câmara-tartaruga! E tudo começou quando o Partido Republicano do Rio de Janeiro e o de São Paulo começaram a insistir com os descontentes militares para que eles comandassem o movimento pela Proclamação da República. Eles sabiam que era naquela hora ou nunca!

Então, no dia 11 de novembro, figuras muito importantes da época se reuniram na casa do marechal Deodoro da Fonseca, tudo para convencê-lo a proclamar a República, de uma vez por todas. Essas figuras eram Rui Barbosa, Benjamin Constant, Aristides Lobo e o coronel Sólon, entre outros.
E parece que deu certo: no dia 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro deu um golpe militar, mandou d. Pedro II passear e proclamou a tão esperada e sonhada República!
Que, apesar de recém-nascida, ficou conhecida nos livros como “República Velha”. Vai entender os historiadores…