Curti

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Atividade de Matemática




Comportamento das Crianças



Impor limites é ensinar a criança a se controlar 
Um trabalho pioneiro da professora Maria Abigail de Souza, do Instituto de Psicologia da USP, com 14 meninos violentos, entre 9 e 11 anos, todos vítimas de abandono emocional e social, mostrou que estas crianças se acalmam ao receberem atenção de adultos próximos.
A idéia de atender crianças agressivas surgiu quando a psicóloga trabalhava com dependente de drogas entre 18 e 30 anos e constatou que todos os seus pacientes haviam sido crianças violentas.
A atenção e o afeto fazem com que as crianças que sentem ódio construam suas vidas no registro oposto, descobrindo vivências de amor. E, a partir daí, tenham ao menos possibilidade de escolha entre um e outro sentimento. Esta é uma das técnicas de tratamento de crianças agressivas recomendadas pelos psicanalistas americanos Fritz Redl e David Wineman em "Crianças agressivas" e "O tratamento de crianças agressivas" (Editora Martins Fontes). Os autores demonstram que a criança que sente ódio não consegue amar simplesmente porque desconhece o que é amor.
Mas há casos de crianças agressivas causados por problemas neurológicos, que podem ser hereditários ou decorrentes de quedas ou pancadas na cabeça, segundo o psiquiatra Alfredo Castro Neto. Os sintomas são mudanças drásticas de conduta, falta de controle dos impulsos (crianças muito agitadas) e dificuldade de atenção nas aulas:
- Há crianças que levam uma pancada na cabeça e sofrem lesão cerebral grave, que leva a um comportamento agressivo. Neste caso, a criança precisa de acompanhamento médico e talvez de tratamento com drogas fortes. Segundo pesquisas feitas pelo americano Paul Wender, estas crianças, se não forem tratadas, tornam-se adultos delinqüentes ou alcoólatras - alerta.
Claudia Andrade tem um filho com hiperatividade, doença que se manifesta por excesso de agitação e, às vezes, por comportamento violento. Ela diz que a melhor forma de ajudar é responder à agressividade com carinho:
- É difícil, mas procuro achar meios de punir construtivamente, sem fazer ameaças nem recorrer a pancadas. Meu filho melhorou muito depois que passou a fazer atividades alternativas como ioga para crianças.
A psicanalista e professora da Universidade Santa Úrsula Ruth Goldemberg ressalta que a agressividade pode ser um elemento positivo na criança, se for acolhida pela mãe sem retaliações:
- As relações humanas se constróem a partir do amor e do ódio. Se a mãe souber dar limites à criança com ternura e serenidade, a criança toma posse de seus sentimentos destrutivos e aprende a controlá-los. Quando a criança vive momentos de perdas importantes, como uma doença da mãe ou a separação dos pais, ela rouba, mente, incomoda desesperadamente e tem uma conduta caótica. Ela está chamando a atenção, pedindo ajuda. Se for atendida, recupera-se e os sintomas desparecem.
  
Mais informações:

Como os pais podem ajudar os filhos
O que observar no comportamento infantil
Crianças violentas


Como os pais podem ajudar os filhos

ATÉ 3 ANOS: A agressividade nesta idade é considerada natural, uma manifestação de desejos que a criança não sabe expressar em palavras. Sem brigar, gritar ou dar tapinhas no filho, os pais devem impedir que as crianças machuquem os colegas. Basta ensinar à criança que ela não pode morder ou bater nos amigos com um firme "não, neném".

DE 3 A 7 ANOS: Nesta fase, a criança precisa de limites básicos e pode reagir de forma agressiva ao deparar-se com eles. O caminho é impor limites sem ameaças, surras ou violências que causem mais raiva e ressentimento. Nesta idade, a criança precisa de educação e, principalmente, de carinho. Se ela se jogar no chão de pirraça, cuspir nos pais ou ameaçar esbofeteá-los, os pais devem repreendê-la com um momento de reclusão no quarto ou numa poltrona para que a criança pense nas bobagens que anda fazendo.

DE 7 A 10 ANOS: Esta é a faixa etária perigosa, em que a criança já sabe o que pode ou não fazer. Se ela transgride com freqüência, merece maior atenção de pais e professores e talvez a ajuda de uma terapia. As punições devem ser pacíficas e construtivas, porque atos violentos geram mais violência.

O que observar no comportamento infantil 

BRIGAS NA ESCOLA: A criança começa a brigar com os colegas e a agredir funcionários da escola. É o primeiro sinal de que algo não vai bem. Os pais devem investigar a causa da agressividade com ajuda de professores e de terapeutas.

IMPOTÊNCIA PARA DESAFIOS: As crianças não conseguem fazer suas tarefas diárias e tornam-se agressivas. Têm medo e ansiedade. Os pais devem apoiá-las na realização de trabalhos sem agredi-las com excesso de cobranças.

HORROR AO FRACASSO: Se a criança tem ataques quando fracassa numa tarefa ou é contrariada, o potencial para que se torne violenta já está desenvolvido. Os pais devem impor limites com carinho.

ARROGÂNCIA: Se a criança alcança uma vitória e, em vez de sentir-se feliz, torna-se arrogante e irrita os colegas, deve ser mais bem observada porque sente raiva no lugar do prazer, o que é um sintoma de falta de afeto.

BAIXA AUTO-ESTIMA: A criança que se sente indigna de admiração e apreço carrega enorme potencial agressivo. Os pais devem ajudá-la a melhorar a auto-estima convencendo-a de suas qualidades e de seus méritos.

INTROSPEÇÃO: Se a criança está muito introspectiva pode ser um sinal de que não sabe pedir ajuda. Pode estar sentindo-se desamparada e isto resulta, com freqüência, em explosões de ódio.

Crianças violentas 
Marcia Cezimbra

Os crimes recentes praticados por crianças de classe média com armas de fogo em Brasília e no Paraná confirmam a estimativa de pedagogos e professores de que 5% dos alunos de escolas particulares do Rio e de São Paulo têm comportamento agressivo e insuportável com colegas e funcionários. A violência de crianças de classe média não é mais uma característica exclusiva das escolas dos Estados Unidos, onde, nos últimos cinco anos, houve 221 assassinatos (44 por ano em média). Os assassinos americanos têm de 11 a 15 anos de idade, não passam fome, vestem boas roupas e recebem mesadas. Este perfil já se desenha no Brasil.

O pesquisador americano Robert Blum, da Escola de Medicina da Universidade de Minnesota, concluiu que a causa da agressividade das crianças da classe média americana é falta de amor. Blum leu 90 mil questionários distribuídos a adolescentes e analisou 12 mil entrevistas feitas por uma equipe de auxiliares, um longo trabalho encomendado pela Clínica Mayo, de Rochester:
- A criança que não se sente amada, querida e cuidada pelos pais torna-se violenta. Esta situação agravou-se a partir dos anos 60, quando mais mães entraram no mercado de trabalho, ficando mais de 12 horas longe dos filhos. A negligência também gera agressividade nas crianças - comenta Blum.

O psiquiatra Alfredo Castro Neto concorda que a violência da criança de classe média não é gratuita. É provocada pelo comportamento imprevisível e violento dos pais que, segundo ele, desumaniza a criança e a leva a perder os sentimentos pelos outros. Foi assim com o menino Bruno, de 8 anos. Ele bateu tanto nos colegas que foi expulso da escola, na Zona Norte do Rio. Os pais levaram um susto quando a diretora exigiu uma psicoterapia para que o menino voltasse às aulas. Bruno foi atendido por Alfredo Castro Neto e, depois de muita conversa e alguns desenhos, revelou a causa do mau comportamento: o pai, muito violento, freqüentemente batia no filho e certa vez lhe fez uma aterrorizante ameaça: se não parasse de chorar, o pai perfuraria seus olhos com uma chave de fenda.

- A criança reproduz a violência com a qual é tratada pelos pais. Bruno, ao bater nos colegas, fazia exatamente isto. Ele sentia-se tão massacrado que se desenhou do tamanho de um parafuso, com uma chave de fenda acoplada aos olhos.

A primeira providência da escola é convocar os pais e pedir que dêem mais atenção ao filho. A professora Rosa Martins, da Escola Vilhena de Moraes, diz que cabe ao colégio fazer um esforço para evitar a exclusão da criança:

- Nós tivemos dois irmãos muito violentos que traziam estiletes para ameaçar os colegas. Eu mesma levei muitos pontapés ao tentar apartar as brigas deles. Fizemos um trabalho diário para ajudar os meninos: impedíamos as brigas e passávamos muitas vezes um longo tempo conversando para convencê-los de que é melhor ter amigos e viver em paz. Fizemos isto sem a ajuda dos pais, que não queriam saber do problema. A causa da violência destes meninos era, justamente, o descaso dos pais.