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segunda-feira, 18 de abril de 2011

''País não investe o suficiente em pré-escola''

ENTREVISTA - economista e especialista em educação

A legislação brasileira define que, até 2016, todas as crianças com idades entre 4 e 17 anos devem estar na escola - antes, apenas o ensino fundamental, que vai de 6 a 14 anos, era obrigatório. O Brasil, no entanto, ainda está longe de investir recursos suficientes na fase inicial da educação, a pré-escola, afirma o pesquisador em educação Ernesto Martins Faria.
Essa é uma das conclusões de Lições em Educação: Parte I - Pré-Escola e Fluxo Escolar Adequado, levantamento que fez com base no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) - coordenado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que mede o desempenho escolar dos estudantes de 65 nações, entre membros da própria organização e países convidados.
De acordo com a pesquisa de Faria, enquanto no Brasil a média de alunos que nunca frequentou a pré-escola é de 19,94%, entre os países da OCDE esse valor cai para 8,39%.
A pesquisa conta com comentários de especialistas em educação e estará disponível no site http://www.estudandoeducacao.com/.

Por que o Brasil está tão abaixo da média dos países da OCDE?

O grupo de países que compõem a OCDE é um grupo bom, com uma boa média. Mais de 90% dos jovens que estudam nessas nações cursaram a pré-escola. Os dados mostram que não estamos caminhando como deveríamos. A cultura de pré-escola ainda é recente no Brasil. Ainda não nos atentamos devidamente a isso.

Por que é tão importante o aluno frequentar a pré-escola?

A pré-escola ajuda a criança de classe mais baixa - que normalmente tem pais com baixa escolaridade e, por essa razão, aprende menos nos primeiros anos de vida - a corrigir essa defasagem quando ingressar no ensino fundamental.
Além disso, para a escola de fundamental, a dificuldade em trabalhar com a criança que chega defasada é muito maior, porque o colégio tem de saber lidar com o básico que a criança não sabe, além de oferecer o currículo tradicional. É mais viável financeiramente oferecer a pré-escola do que tentar corrigir depois o tempo perdido.

Por que ainda não enxergamos isso?

Os gastos com educação no Brasil aumentaram consideravelmente nos últimos anos. No entanto, a atenção foi dada àquilo que era obrigatório por lei - o ensino fundamental. É muito difícil mudar uma situação estagnada há tanto tempo de uma hora para outra.

Na sua opinião, qual é a solução para aumentar a pré-escola no País?

Os dados têm mostrado que atualmente os gastos não são suficientes para atender toda a demanda. Por isso, é fundamental aumentá-los. Educação é investimento e precisamos entender isso. Ela tem de ser levada a sério como instrumento para acabar com a exclusão social. O aluno que frequenta a pré-escola chega mais preparado para cursar o ensino fundamental. Além disso, cursá-la tem um impacto na escolaridade média. Temos que cortar o mal pela raiz.

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