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sábado, 23 de novembro de 2013

Os Músicos de Bremen Irmãos Grimm



de Jakob e Wilhelm Grimm, numa adaptação do Livro Contos de Fadas

"Um homem tinha um burro que, há muito tempo, carregava sacos de milho para o moinho. O burro, porém, já estava ficando velho e não podia mais trabalhar. Por isso, o dono tencionava vendê-lo. O pobre animal, sabendo disso, ficou muito preocupado, pois não podia imaginar como seria seu novo dono... e então, para evitar qualquer surpresa desagradável, pôs-se a caminho da cidade de Bremen.

"Certamente, poderei ser músico na cidade", pensava ele.
Depois de andar um pouco, encontrou um cão deitado na estrada, arfando de cansaço.
- Por que estás assim tão fatigado? perguntou o burro.
- Amigo, já estou ficando velho e, a cada dia, vou ficando mais fraco. Não posso mais caçar; por isso meu dono queria me entregar à carrocinha. Então, fugi, mas não sei como ganhar a vida.
- Pois bem, lhe disse o burro. Minha história é bem semelhante à sua. Vou tentar a vida como músico em Bremen. Venha comigo. Eu tocarei flauta e você poderá tocar tambor.

O cão aceitou o convite e seguiu com o burro. Não tinham andado muito, quando encontraram um gato, muito triste, sentado no meio do caminho.
- Que tristeza é essa, companheiro? lhe perguntaram os dois
- Como posso estar alegre, se minha vida está em perigo? respondeu o gato. Estou ficando velho e prefiro estar sentado junto ao fogo, em vez de caçar ratos. Por esse motivo, minha dona quer me afogar.
- Ora, venha conosco a Bremen, propuseram os outros. Seremos músicos e ganharemos muito dinheiro.

O gato, depois de pensar um pouco, aderiu e acompanhou-os. Foram andando até que encontraram um galo, cantando tristemente, trepado numa cerca.
- Que foi que lhe aconteceu, amigo? perguntaram os três.
- Imaginem, respondeu o galo, que amanhã a dona da casa vai ter visitas para o jantar. Então, sem dó nem piedade, ordenou ao cozinheiro que me matasse para fazer uma canja.
Os outros, então, lhe propuseram:
- Nós vamos a Bremen, onde nos tornaremos músicos. Você tem boa voz. Que tal se nos reunissemos para formar um conjunto?
O galo gostou da idéia e juntando-se aos outros seguiram caminho.

A cidade de Bremen ficava muito distante e eles tiveram que parar numa floresta para passar a noite. O burro e o cão deitaram-se em baixo de uma árvore grande. O gato e o galo alojaram-se nos galhos da árvore.
O galo, que se tinha colocado bem no alto, olhando ao redor, avistou uma luzinha ao longe, sinal de que deveria haver alguma casa por ali. Disse isso aos companheiros e todos acharam melhor andar até lá, pois o abrigo ali não estava muito confortável.

Começaram a andar e, cada vez mais, a luz se aproximava. Afinal, chegaram à casa. O burro, como era o maior, foi até a janela e espiou por uma fresta. À volta de uma mesa, viu quatro ladrões que comiam e bebiam. Transmitiu aos amigos o que tinha visto e ficaram todos imaginando um plano para afastar dali os homens. Por fim, resolveram aproximar-se da janela. O burro colocou-se de maneira a alcançar a borda da janela com uma das patas. O cão subiu nas costas do burro. O gato trepou nas costas do cão e o galo voou até ficar em cima do gato.

Depois, a um sinal combinado, começaram a fazer sua música juntos: o burro zurrava, o cão latia, o gato miava e o galo cacarejava. A seguir, quebrando os vidros da janela, entraram pela casa a dentro, fazendo uma barulhada medonha.

Os ladrões, pensando que algum fantasma havia surgido ali, saíram correndo para a floresta. Os quatro animais sentaram-se à mesa, serviram-se de tudo e procuraram um lugar para dormir. O burro deitou-se num monte de palha, no quintal; o cão, junto da porta, como a vigiar a casa; o gato, junto ao fogão, e o galo encarapitou-se numa viga do telhado. Como estavam muito cansados, logo adormeceram.

Um pouco além da meia noite, os ladrões, verificando que a luz não brilhava mais dentro da casa, resolveram voltar. O chefe do bando disse aos demais:
- Não devemos ter medo!
E mandou que um entrasse primeiro para examinar a casa. Chegando à casa, o homem dirigiu-se à cozinha para acender um vela. Tomando os olhos do gato, que brilhavam no escuro, por brasas, tentou neles acender um fósforo. O gato, entretanto, não gostou da brincadeira e avançou para ele, cuspindo-o e arranhando-o. Ele tomou um grande susto e correu para a porta dos fundos, mas o cão, que lá estava deitado, mordeu-lhe a perna. O ladrão saiu correndo para o quintal, mas, ao passar pelo burro, levou um coice. O galo, que acordara com o barulho, cantou bem alto: - Có, có, ró, có!!!!

Sempre a correr, o ladrão foi se reunir aos outros, a quem contou:
- Lá dentro há uma horrível bruxa que me arranhou com suas unhas afiadas e me cuspiu no rosto. Perto da porta, há um homem mau que me passou um canivete na perna. No quintal, há um monstro escuro, que me bateu com um pedaço de pau. Além disso tudo, no telhado está sentado um juiz, que gritou bem alto:
"- Traga aqui o patife!!!"... Acho que não devemos voltar lá... é muito perigoso!!

Depois disso, nunca mais os ladrões voltaram à casa, e os quatro músicos de Bremen sentiam-se muito bem lá, onde faziam suas músicas e viviam despreocupados. De vez em quando alguém das redondezas os chamavam e lá iam eles, felizes e contentes, tocar a sua música...."

O alfaiatezinho valente, conto dos Irmãos Grimm





Era uma vez, num país muito distante, um modesto alfaiate que vivia costurando alegremente na frente da 
janela da sua casinha, quando, num dia como outro qualquer, ouviu, do lado de fora, um homem anunciando geléia para vender.
- Geléia de morango! Deliciosa geléia!, anunciava o vendedor.
O alfaiate ficou com água na boca e depressinha comprou um pote de geléia vermelhinha e cheirosa. Passou uma boa camada de geléia numa fatia de pão, que deixou na mesa para comer depois de terminar o trabalho.
E continuou a costurar, cantarolando. Mas a geléia deu água na boca também de umas moscas, que voaram zumbindo para cima dela. O alfaiate não gostou nada de ver as moscas avançando na sua geléia.
- Mas que atrevimento!, exclamou ele. Vocês já vão ver o que é gostoso!
E, com a própria costura que tinha na mão, ele deu tamanho golpe na mesa, que esparramou a geléia, mas em compensação achatou sete moscas duma vez! O alfaiate ficou tão orgulhoso da sua proeza, que bordou no seu cinto estas palavras: "Sete de um golpe só!"
E resolveu sair pelo mundo, para mostrar a toda a gente como ele era valente. Pôs um pedaço de queijo na sacola e pegou a estrada. No caminho, encontrou um passarinho caído no chão e, com pena dele, colocou-o na sacola, junto com o queijo. Continuou andando, muito alegre. Foi andando ladeira acima, ladeira abaixo, e no alto de um morro deu de repente com um homem enorme.
Mas não se intimidou, e falou com o gigante:
- Estou andando pelo mundo para mostrar como sou valente! Leia só isto!
E mostrou o seu cinto ao homenzarrão.
- "Sete de um golpe só!," leu o homem, e ficou muito impressionado, pensando que o pequeno alfaiate matara sete homens de um golpe só.
Só para tirar a dúvida que tinha, ele pegou uma pedra e esmagou-a nas mãos, com a maior facilidade.
- Isto para mim é canja!, disse o alfaiate.
Tirando o seu queijo da sacola, esmagou-o nas mãos, sem o menor esforço. O gigante, que era míope ou burro, ou ambas as coisas, tornou a ficar impressionado. Mas queria certificar-se mais ainda. Então, ele apanhou outra pedra e atirou-a ao ar até uma nuvem que passava. O nosso alfaiate mais uma vez não se deu por achado: tirou da sacola o passarinho que encontrara na estrada, e jogou-o para o alto.
O pássaro, feliz por se ver livre, voou para cima, até sumir de vista. Desta vez, o gigante ficou tão espantado, que achou melhor tratar bem aquele baixinho tão perigoso, e convidou-o a passar a noite na sua casa, convite que este aceitou, pois já estava anoitecendo. Na calada da noite, quando o alfaiate dormia na sua enorme cama, com inveja e receio do seu pequeno hóspede, o gigante resolveu matá-lo, quebrando pelo meio a cama onde seu hóspede dormia, encolhido num canto debaixo das cobertas. Por estar tão encolhidinho o alfaiate escapou da morte, sem que o malvado percebesse nada. De manhã, o pequeno alfaiate se plantou na frente do gigante, ameaçando-o de mãos na cintura. O grandão ficou tão apavorado que saiu correndo, aos berros de pavor!
Os seus gritos foram ouvidos pelos soldados da guarda real, que ficaram espantados ao ver o terrível gigante fugir gritando do nosso valente alfaiate.
Quando os soldados lhe perguntaram quem era, foi só mostrar-lhe o seu cinto com "sete de um golpe só" bordado, para eles acharem melhor conduzir o herói ao palácio, e apresentá-lo ao rei.
O rei, a rainha e a princesa ficaram cheios de admiração pelo pequeno valentão, que todo gentil e mesuroso, ofereceu seus serviços a Sua Majestade.
O rei gostou da idéia e aceitou o oferecimento. A princesa até sorriu para o pequeno alfaiate...
Assim, o baixinho ficou morando numa bonita casinha perto do palácio, onde era convidado permanente.
Um dia o rei chamou e disse:
- Tenho um encargo para lhe dar, já que você é tão forte e valente. Existe neste reino dois gigantes malvados que perturbam e assustam todo o meu povo. Se você conseguir livrar-nos deles, eu lhe darei como paga metade do reino e, como prêmio, a mão da princesa em casamento.
Entusiasmado, o alfaiate aceitou a tarefa e se mandou direto para a floresta, onde não demorou a encontrar os dois terríveis homenzarrões, dormindo a sesta no campo, de costas um para o outro. Enchendo os bolsos de pedras pontudas, o alfaiate subiu na árvore onde os dois estavam encostados. Fazendo boa pontaria, o alfaiate atirou com força duas pedras na cabeça de um dos gigantes.
- Para com isto!, berrou um gigante, e deu um soco na cara do outro.
- Eu não fiz nada!, reclamou o outro, você está sonhando!
Os dois adormeceram de novo, roncando alto.
O alfaiate esperou um pouco e logo atirou duas pedras na cabeça do segundo gigante, que acordou furioso e partiu para cima do primeiro.
Os dois se engalfinharam numa luta mortal. Eles até arrancaram árvores para bater um no outro!
A briga foi tão violenta, que acabaram os dois caindo mortos!
- Missão cumprida!, disse o alfaiate.
E voltou ao palácio, para relatar ao rei o seu novo feito heróico. Na hora de dar o prêmio ao alfaiate, o rei não quis cumprir sua promessa, Encomendou-lhe outro encargo:
- Você foi valente, disse o rei, mas preciso de um serviço seu: quero que você me traga o chifre mágico do unicórnio selvagem, que vive solto na floresta. Antes disso, nada feito.
A princesa ficou desapontada, mas o alfaiate não desanimou.
- Isto será fácil para mim. Matei sete de um golpe só e liquidei dois gigantes malvados. Vou trazer-lhe o tal chifre, Majestade.
E partiu de volta para a floresta.
Ele nem andou muito quando, no meio de um descampado, viu investir contra ele, a galope, o enorme unicórnio, feroz cavalo branco de chifre na testa!
Ágil como um gato, o alfaiate pulou para trás de uma árvore, e o unicórnio, na sua fúria cega, sem poder deter a corrida, espetou o seu chifre no tronco da árvore, e lá ficou preso, sem poder levantar a cabeça!
Sem perder tempo, o esperto alfaiate tirou da sacola o machado que levara consigo e, com uma machadada certeira, cortou o chifre do bicho, que vendo-se livre, fugiu a galope.
- Muito bem, disse o alfaiate, satisfeito. Esta missão também está cumprida! Quero só ver se Sua Majestade me dá a recompensa agora!
Como o rei achava que o alfaiate não era nobre o bastante para ser seu genro, inventou outra saída.
Disse ao alfaiate para ele ficar no palácio, aguardando os preparativos para o casamento com a princesa, coisa que o alfaiate achou certa. Nesse meio tempo, o rei chamou os seus soldados e lhes deu uma ordem:
- Esta noite, quando o alfaiate estiver dormindo, invadam o seu quarto e amarrem-no bem amarrado, que eu vou cuidar de livrar-me dele duma vez!
Mal sabia ele que a princesa estava escondida na escada, escutando tudo. Ela gostava do pequeno alfaiate e queria casar-se com ele. Por isso, resolveu avisá-lo do perigo que corria.
- Você tem de fugir daqui, meu amor!, disse ela. Fuja sem perda de tempo!
- Não vou fugir! Não quero deixá-la, minha prometida! Eu quero casar com você!
- Eu também quero casar com você!, disse a princesa, mas teremos de esperar por uma hora menos perigosa! Agora, fuja!
- Não vou fugir!, disse o pequeno alfaiate, que no fundo era corajoso mesmo. Não se preocupe, eu sei o que fazer! Tenho o meu plano.
O nosso alfaiate foi para o seu quarto e fingiu que estava dormindo. Na verdade ele se escondeu atrás da porta e ficou esperando pelos soldados que viriam prendê-lo. Quando os ouviu chegando, deixou que se aproximassem bem, e abrindo a porta de repente, gritou com a sua voz mais forte:
- Eu já matei sete de um golpe só, dei cabo de dois horrendos gigantes e cortei o chifre de um unicórnio selvagem! Não preciso ter medo de sete simples soldadinhos que estão aí fora!
Quando os soldados ouviram isto, tremeram de susto e saíram correndo, apavorados.
Dessa vez o rei não teve desculpas para não cumprir o prometido.
Ainda mais porque a princesa teimou que queria casar com o valente alfaiate! Insistiu também que queria aquela metade do reino, como dote!
Assim, o pequeno alfaiate casou-se com a princesa e virou príncipe-consorte.
Prêmio merecido para o herói que "matou sete de um golpe só!"

A rainha das abelhas, conto dos Irmãos Grimm

A rainha das abelhas, conto dos Irmãos GrimmCerta vez, dois filhos de rei saíram em busca de aventuras e se entregaram a uma vida tão desregrada e dissoluta que nem se lembravam de voltar para casa. O mais moço, que era chamado de Bobo, saiu à procura de seus irmãos; quando finalmente os achou, só ouviu caçoadas, porque, sendo tão ingênuo, pensava em vencer na vida, enquanto eles, muito mais espertos, não tinham conseguido.

Os três puseram-se a caminho juntos e chegaram a um formigueiro. Os dois mais velhos quiseram remexer nele para ver as formigas fugirem alvoroçadas carregando os próprios ovos, mas o Bobo lhes disse:

- Deixem os bichinhos em paz, eu não suporto que vocês lhes façam mal.

Então eles continuaram andando e chegaram a um lago onde nadavam muitos, muitos patos. Os dois irmãos queriam pegar alguns para assar, mas o Bobo não consentiu e disse:

- Deixem os bichinhos em paz, eu não suporto que eles sejam mortos.

Por fim, chegaram a uma colméia, onde havia tanto mel que escorria pelo tronco da árvore. Os dois quiseram acender fogo embaixo para sufocar as abelhas e poder tirar o mel. O Bobo tornou a impedir, dizendo:

- Deixem os bichinhos em paz, eu não suporto que eles sejam queimados.

Afinal, os três irmãos chegaram a um castelo. Nas cavalariças havia cavalos de pedra, e não aparecia pessoa alguma. Eles passaram por todas as salas até que, no fim, encontraram uma porta com três fechaduras. No meio da porta havia, porém, um buraquinho por onde se podia espiar o aposento. Viram lá dentro um homenzinho grisalho, sentado diante de uma mesa. Eles o chamaram uma, duas vezes, mas o homenzinho não ouviu. Quando o chamaram pela terceira vez, ele se levantou, abriu as fechaduras e saiu. Não disse uma palavra, mas os levou a uma mesa ricamente preparada. Tendo os três comido e bebido, ele conduziu cada um a seu quarto de dormir.

Na manhã seguinte, o homenzinho grisalho chegou-se para o mais velho, acenou chamando-o e o guiou até uma placa, onde estavam escritas três tarefas que poderiam desencantar o castelo. A primeira dizia que no bosque, debaixo do musgo, estavam as pérolas da filha do rei, em número de mil, que precisariam ser catadas; e, ao pôr-do-sol, se ainda faltasse só uma, a pessoa que as procurava se transformaria em pedra. O mais velho foi e procurou o dia inteiro. Como, porém, o dia chegou ao fim e ele tinha achado só cem pérolas, aconteceu o que estava escrito na placa, e ele se transformou em pedra. No outro dia, o segundo irmão assumiu a tarefa, mas não se saiu melhor que o mais velho, pois só achou duzentas pérolas e ficou transformado em pedra. Por fim chegou a vez do Bobo, que procurou no musgo; mas era tão difícil encontrar as pérolas e demorava tanto, que ele se sentou numa pedra e chorou. Nisto, apareceu o rei das formigas, cuja vida ele salvara. Vinha acompanhado de cinco mil formigas. Não demorou muito, e os bichinhos acharam todas as pérolas e as amontoaram ali. Mas a segunda tarefa era ir pegar, no fundo do lago, a chave do quarto da filha do rei. Quando o Bobo chegou ao lago, vieram nadando os patos que ele uma vez salvara, mergulharam e pegaram a chave lá no fundo. A terceira tarefa era a mais difícil, pois das três filhas de rei que estavam dormindo ele devia escolher a melhor. Elas eram, porém, completamente iguais, não tendo nada que as distinguisse uma da outra, a não ser por terem comido, antes de dormir, três doces diferentes: a mais velha, um torrão de açúcar; a segunda, um pouco de melado; a mais moça, uma colherada de mel. Então chegou a rainha das abelhas, que o Bobo havia protegido do fogo, e foi provando da boca de todas três; por fim ficou pousada na boca da que havia comido mel, e assim o Bobo reconheceu qual era a filha de rei certa. Com isso, o feitiço se desfez, tudo no castelo despertou daquele sono, e quem tinha virado pedra retomou sua forma. O Bobo se casou com a mais jovem e melhor filha do rei e, depois que o pai dela morreu, ele ficou sendo o rei; seus irmãos, porém, casaram-se com as outras duas irmãs.

João e Maria, conto infantil dos Irmãos Grimm


João e Maria, conto infantil dos Irmãos Grimm


Às margens de uma extensa mata existia, há muito tempo, uma cabana pobre, feita de troncos de árvore, na qual morava um lenhador com sua segunda esposa e seus dois filhinhos, nascidos do primeiro casamento. O garoto chamava-se João e a menina, Maria.
A vida sempre fora difícil na casa do lenhador, mas naquela época as coisas haviam piorado ainda mais: não havia comida para todos.
— Minha mulher, o que será de nós? Acabaremos todos por morrer de necessidade. E as crianças serão as primeiras…
— Há uma solução… — disse a madrasta, que era muito malvada. — Amanhã daremos a João e Maria um pedaço de pão, depois os levaremos à mata e lá os abandonaremos.
O lenhador não queria nem ouvir falar de um plano tão cruel, mas a mulher, esperta e insistente, conseguiu convencê-lo.
No aposento ao lado, as duas crianças tinham escutado tudo, e Maria desatou a chorar.
— Não chore — tranqüilizou-a o irmão — Tenho uma idéia.
Esperou que os pais estivessem dormindo, saiu da cabana, catou um punhado de pedrinhas brancas que brilhavam ao clarão da lua e as escondeu no bolso. Depois voltou para a cama.
No dia seguinte, ao amanhecer, a madrasta acordou as crianças.
As crianças foram com o pai e a madrasta cortar lenha na floresta e lá foram abandonadas.
João havia marcado o caminho com as pedrinhas e, ao anoitecer, conseguiram voltar para casa.
O pai ficou contente, mas a madrasta, não. Mandou-os dormir e trancou a porta do quarto. Como era malvada, ela planejou levá-los ainda mais longe no dia seguinte.
João ouviu a madrasta novamente convencendo o pai a abandoná-los, mas desta vez não conseguiu sair do quarto para apanhar as pedrinhas, pois sua madrasta havia trancado a porta. Maria desesperada só chorava. João pediu-lhe para ficar calma e ter fé em Deus.
Antes de saírem para o passeio, receberam para comer um pedaço de pão velho. João, em vez de comer o pão, guardou-o.
Ao caminhar para a floresta, João jogava as migalhas de pão no chão, para marcar o caminho da volta.
Chegando a uma clareira, a madrasta ordenou que esperassem até que ela colhesse algumas frutas, por ali. Mas eles esperaram em vão. Ela os tinha abandonado mesmo!
- Não chore Maria, disse João. Agora, só temos é que seguir a trilha que eu fiz até aqui, e ela está toda marcada com as migalhas do pão.
Só que os passarinhos tinham comido todas as migalhas de pão deixadas no caminho.
Contos, fabulas e historinhas: João e Maria
As crianças andaram muito até que chegaram a uma casinha toda feita com chocolate, biscoitos e doces. Famintos, correram e começaram a comer.
De repente, apareceu uma velhinha, dizendo: - Entrem, entrem, entrem, que lá dentro tem muito mais para vocês.
Mas a velhinha era uma bruxa que os deixou comer bastante até cairem no sono e confortáveis caminhas.
Quando as crianças acordaram, achavam que estavam no céu, parecia tudo perfeito.
Porém a velhinha era uma bruxa malvada que e aprisionou João numa jaula para que ele engordasse. Ela queria devorá-lo bem gordo. E fez da pobre e indefesa Maria, sua escrava.
Todos os dias João tinha que mostrar o dedo para que ela sentisse se ele estava engordando. O menino, muito esperto, percebendo que a bruxa enxergava pouco, mostrava-lhe um ossinho de galinha. E ela ficava furiosa, reclamava com Maria:
- Esse menino, não há meio de engordar.
- Dê mais comida para ele!
Passaram-se alguns dias até que numa manhã assim que a bruxa acordou, cansada de tanto esperar, foi logo gritando:
- Hoje eu vou fazer uma festança.
- Maria, ponha um caldeirão bem grande, com água até a boca para ferver.
- Dê bastante comida paro seu o irmão, pois é hoje que eu vou comê-lo ensopado.
Assustada, Maria começou a chorar.
— Acenderei o forno também, pois farei um pão para acompanhar o ensopado. Disse a bruxa.
Ela empurrou Maria para perto do forno e disse:
_Entre e veja se o forno está bem quente para que eu possa colocar o pão.
A bruxa pretendia fechar o forno quando Maria estivesse lá dentro, para assá-la e comê-la também. Mas Maria percebeu a intenção da bruxa e disse:
- Ih! Como posso entrar no forno, não sei como fazer?
- Menina boba! disse a bruxa. Há espaço suficiente, até eu poderia passar por ela.
A bruxa se aproximou e colocou a cabeça dentro do forno. Maria, então, deu-lhe um empurrão e ela caiu lá dentro . A menina, então, rapidamente trancou a porta do forno deixando que a bruxa morresse queimada.
Mariazinha foi direto libertar seu irmão.
Estavam muito felizes e tiveram a idéia de pegarem o tesouro que a bruxa guardava e ainda algumas guloseimas .
Encheram seus bolsos com tudo que conseguiram e partiram rumo a floresta.
Depois de muito andarem atravessaram um grande lago com a ajuda de um cisne.
Andaram mais um pouco e começaram a reconhecer o caminho. Viram de longe a pequena cabana do pai.
Ao chegarem na cabana encontraram o pai triste e arrependido. A madrasta havia morrido de fome e o pai estava desesperado com o que fez com os filhos.
Quando os viu, o pai ficou muito feliz e foi correndo abraça-los. Joãozinho e Maria mostraram-lhe toda a fortuna que traziam nos seus bolsos, agora não haveria mais preocupação com dinheiro e comida e assim foram felizes para sempre.